Parece até filme! Quanto mais se
luta contra a tormenta, mais as chuvas e trovoadas econômicas se intensificam.
Ninguém sabe se os governos em todo o mundo terão condições de diminuir os
grandes solavancos econômicos. Tudo isso tem repercussão significativa também
para os investimentos socioambientais. Isso mesmo levando em consideração que a
sustentabilidade socioambiental do planeta é a única forma de iniciarmos um
novo ciclo de calmaria econômica.
No entanto, não podemos fugir mais
da tormenta! Temos que enfrentá-la. Sendo assim, alguns programas
sócio-ambientais poderão sair quase ilesos se conseguirem realmente demonstrar
a razão de sua existência. A avaliação de impacto sócio-ambiental funciona,
nesse momento, como uma verdadeira bússola que orienta os gestores sociais e
financiadores sobre como manter a embarcação de pé. Com indicadores precisos e
análises das intervenções, é possível demonstrar o real valor de manter esses
programas como geradores de grande riqueza econômica, principalmente para o
período de retomada (que com certeza virá).
Os investimentos socioambientais ainda são
avaliados superficialmente. Os valores atribuídos a
essas intervenções demonstram, muitas vezes, apenas a cobertura do
investimento, como o número de pessoas beneficiadas e áreas protegidas. No entanto, não se utilizam de indicadores
científicos para verificar o real impacto gerado. Como componente, a avaliação
integra-se como parte essencial de um programa. A American Evaluation
Association estabeleceu que toda avaliação deve ser "mainstreamed",
ou seja, funcionar como bússola de programas socioambientais.
No entanto, como muitos profissionais na área
social podem ser considerados "marinheiros de primeira viagem", ou
pela vontade de continuar navegando pelo mundo das transformações sociais, muitas
instituições com recursos reduzidos colocam este componente em segundo plano.
Não é nem preciso dizer para onde esses grandes ou pequenos "barcos"
acabam desembocando. Com efeito, muitos naufragam bem antes de chegar ao seu
destino final. Não sabem ao menos aonde querem chegar. Acreditam que chegando
até o ponto final da viagem, irão receber um certificado de reconhecimento pelo
árduo trabalho realizado durante a viagem.
Continuando com a associação entre avaliação e
uma bússola, é importante ressaltar que a avaliação nunca será elogiosa ou
crítica em relação aos programas. A função da avaliação é indicar direções e
facilitar a utilização de rotas alternativas. Ela não leva a prêmios, nem pode
ser reconhecida como uma auditoria de um programa. Pelo contrário, ela é uma das
partes estruturais básicas da implementação de um programa. Sem esse
componente, qualquer iniciativa estará fadada à famosa expressão "que seja
o que Deus quiser". Realmente, somente a luz divina poderá tirar o pobre
gestor dessa imensa escuridão.
Há várias ferramentas de avaliação disponíveis
para os gestores sociais, como avaliação de processo, impacto, impacto social
etc. No entanto, a falta desse componente, em qualquer iniciativa, desqualifica
automaticamente um programa ou plano de marketing social. Ou seja, não existe programa
socioambiental eficaz sem o estabelecimento de um componente de avaliação.
A própria definição do conceito de marketing social como
"gestão estratégica para a transformação social" faz com que esse
componente se coloque como prioridade absoluta. Talvez, essa seja uma boa forma
de definir se um programa é concebido por parâmetros estratégicos ou não.
Apenas deveríamos perguntar: "o programa tem um componente de
avaliação?". Caso a resposta seja positiva, há uma chance do programa
implementar corretamente os conceitos de marketing social ; no
entanto, caso a resposta seja negativa.... vou dar um conselho: saiam
imediatamente dessa "canoa furada"!
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