segunda-feira, 7 de março de 2016

Mar da Economia Mundial em Fúria: As Bússulas mais Necessárias do que Nunca

            Parece até filme! Quanto mais se luta contra a tormenta, mais as chuvas e trovoadas econômicas se intensificam. Ninguém sabe se os governos em todo o mundo terão condições de diminuir os grandes solavancos econômicos. Tudo isso tem repercussão significativa também para os investimentos socioambientais. Isso mesmo levando em consideração que a sustentabilidade socioambiental do planeta é a única forma de iniciarmos um novo ciclo de calmaria econômica.

            No entanto, não podemos fugir mais da tormenta! Temos que enfrentá-la. Sendo assim, alguns programas sócio-ambientais poderão sair quase ilesos se conseguirem realmente demonstrar a razão de sua existência. A avaliação de impacto sócio-ambiental funciona, nesse momento, como uma verdadeira bússola que orienta os gestores sociais e financiadores sobre como manter a embarcação de pé. Com indicadores precisos e análises das intervenções, é possível demonstrar o real valor de manter esses programas como geradores de grande riqueza econômica, principalmente para o período de retomada (que com certeza virá).

            Os investimentos socioambientais ainda são avaliados superficialmente. Os valores atribuídos a essas intervenções demonstram, muitas vezes, apenas a cobertura do investimento, como o número de pessoas beneficiadas e áreas protegidas. No entanto, não se utilizam de indicadores científicos para verificar o real impacto gerado. Como componente, a avaliação integra-se como parte essencial de um programa. A American Evaluation Association estabeleceu que toda avaliação deve ser "mainstreamed", ou seja, funcionar como bússola de programas socioambientais.

No entanto, como muitos profissionais na área social podem ser considerados "marinheiros de primeira viagem", ou pela vontade de continuar navegando pelo mundo das transformações sociais, muitas instituições com recursos reduzidos colocam este componente em segundo plano. Não é nem preciso dizer para onde esses grandes ou pequenos "barcos" acabam desembocando. Com efeito, muitos naufragam bem antes de chegar ao seu destino final. Não sabem ao menos aonde querem chegar. Acreditam que chegando até o ponto final da viagem, irão receber um certificado de reconhecimento pelo árduo trabalho realizado durante a viagem.

Continuando com a associação entre avaliação e uma bússola, é importante ressaltar que a avaliação nunca será elogiosa ou crítica em relação aos programas. A função da avaliação é indicar direções e facilitar a utilização de rotas alternativas. Ela não leva a prêmios, nem pode ser reconhecida como uma auditoria de um programa. Pelo contrário, ela é uma das partes estruturais básicas da implementação de um programa. Sem esse componente, qualquer iniciativa estará fadada à famosa expressão "que seja o que Deus quiser". Realmente, somente a luz divina poderá tirar o pobre gestor dessa imensa escuridão.

Há várias ferramentas de avaliação disponíveis para os gestores sociais, como avaliação de processo, impacto, impacto social etc. No entanto, a falta desse componente, em qualquer iniciativa, desqualifica automaticamente um programa ou plano de marketing social. Ou seja, não existe programa socioambiental eficaz sem o estabelecimento de um componente de avaliação.


A própria definição do conceito de marketing social como "gestão estratégica para a transformação social" faz com que esse componente se coloque como prioridade absoluta. Talvez, essa seja uma boa forma de definir se um programa é concebido por parâmetros estratégicos ou não. Apenas deveríamos perguntar: "o programa tem um componente de avaliação?". Caso a resposta seja positiva, há uma chance do programa implementar corretamente os conceitos de marketing social; no entanto, caso a resposta seja negativa.... vou dar um conselho: saiam imediatamente dessa "canoa furada"!

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