Os meios de
comunicação massivos despertaram países para uma linguagem em comum e promovem
tendências de forma generalizada. Talvez, este tenha sido o principal interesse
de governos para utilizar os meios massivos de comunicação com o objetivo de
informar a população sobre suas estratégias sociais. Campanhas de prevenção de
acidentes de trânsito, transmissão do HIV/AIDS, trabalho infantil, entre
outros, disponibilizam para toda a população a realidade do problema e formas
de resolvê-los a partir de mudanças de comportamento. No entanto, o que
acontece quando a população já se encontra bem consciente destes problemas e
formas de preveni-los, mas a realidade social continua a mesma? Ou seja,
elevados números de acidente de trânsito, elevadas taxas de transmissão do
HIV/AIDS, etc.
De acordo
com um novo entendimento sobre a realidade social, o problema não mora na
“normalidade” do comportamento de toda população, mas na anormalidade de alguns
segmentos específicos. Um conceito inovador vem sendo trabalhado nos últimos
anos sobre a necessidade de “normalizar” a curva de comportamentos sociais.
Esse princípio vem da constatação de que sempre haverá a probabilidade
estatística de 5% dos comportamentos estarem fora do intervalo de confiança
para toda a população. Em termos estatísticos, isso quer dizer que há 95% ou 4
sigma de confiança de comportamentos preventivos estarem sendo seguidos pela
população. Sendo assim, o “estrago” que esta situação pode causar é muitas
vezes devastadora. Motoristas, por exemplo, fora do intervalo de confiança de
comportamentos, que decidem dirigir embriagados podem causar sérios danos a
ele/ela mesmo(a) como também a um número significativo de pessoas que se
encontram no intervalo de confiança de comportamentos. É importante ressaltar
ainda que se a probabilidade estatística aumentar para 10% ou 15% com redução
da cobertura de sigmas, sistemas importantes de saúde, previdência e educação
podem simplesmente entrar em convulsão.
Seis sigmas
(99.9997%) é o intervalo de confiança que indica que praticamente 100% dos
comportamentos estão dentro de um intervalo de segurança estatístico. Sendo
assim, é responsabilidade dos governos, sociedade civil e empresas tentar
atingir este grande desafio. No entanto, campanhas massivas atingem exatamente
quem já se encontra próximo ao intervalo de confiança da população, mas não
quem está fora dele. Neste sentido, a aplicação de estratégias de segmentação é
a mais consistente e identifica com clareza qual a mudança de comportamento poderá
trazer benefícios sociais mais significativos.
É
importante ressaltar, no entanto, que a era dos “seis sigmas” na área social
está apenas começando. Serão necessários recursos para a implementação de novos
sistemas de coleta de dados e análises estatísticas. Além disso, deverá ser
priorizado o uso eficiente de técnicas de gestão social, indo muito além da
elaboração de uma campanha social. Fazendo uma pequena analogia, campanhas
massivas de comunicação representam apenas uma limpeza superficial em todas as
“laranjas” (comportamentos) de uma grande caixa, porém não contribuem para a
identificação e retirada das “laranjas podres” (comportamentos anti-sociais).
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