terça-feira, 15 de março de 2016

Seis Sigmas: Até onde vai o papel da comunicação massiva

            Os meios de comunicação massivos despertaram países para uma linguagem em comum e promovem tendências de forma generalizada. Talvez, este tenha sido o principal interesse de governos para utilizar os meios massivos de comunicação com o objetivo de informar a população sobre suas estratégias sociais. Campanhas de prevenção de acidentes de trânsito, transmissão do HIV/AIDS, trabalho infantil, entre outros, disponibilizam para toda a população a realidade do problema e formas de resolvê-los a partir de mudanças de comportamento. No entanto, o que acontece quando a população já se encontra bem consciente destes problemas e formas de preveni-los, mas a realidade social continua a mesma? Ou seja, elevados números de acidente de trânsito, elevadas taxas de transmissão do HIV/AIDS, etc.

            De acordo com um novo entendimento sobre a realidade social, o problema não mora na “normalidade” do comportamento de toda população, mas na anormalidade de alguns segmentos específicos. Um conceito inovador vem sendo trabalhado nos últimos anos sobre a necessidade de “normalizar” a curva de comportamentos sociais. Esse princípio vem da constatação de que sempre haverá a probabilidade estatística de 5% dos comportamentos estarem fora do intervalo de confiança para toda a população. Em termos estatísticos, isso quer dizer que há 95% ou 4 sigma de confiança de comportamentos preventivos estarem sendo seguidos pela população. Sendo assim, o “estrago” que esta situação pode causar é muitas vezes devastadora. Motoristas, por exemplo, fora do intervalo de confiança de comportamentos, que decidem dirigir embriagados podem causar sérios danos a ele/ela mesmo(a) como também a um número significativo de pessoas que se encontram no intervalo de confiança de comportamentos. É importante ressaltar ainda que se a probabilidade estatística aumentar para 10% ou 15% com redução da cobertura de sigmas, sistemas importantes de saúde, previdência e educação podem simplesmente entrar em convulsão.

            Seis sigmas (99.9997%) é o intervalo de confiança que indica que praticamente 100% dos comportamentos estão dentro de um intervalo de segurança estatístico. Sendo assim, é responsabilidade dos governos, sociedade civil e empresas tentar atingir este grande desafio. No entanto, campanhas massivas atingem exatamente quem já se encontra próximo ao intervalo de confiança da população, mas não quem está fora dele. Neste sentido, a aplicação de estratégias de segmentação é a mais consistente e identifica com clareza qual a mudança de comportamento poderá trazer benefícios sociais mais significativos.


            É importante ressaltar, no entanto, que a era dos “seis sigmas” na área social está apenas começando. Serão necessários recursos para a implementação de novos sistemas de coleta de dados e análises estatísticas. Além disso, deverá ser priorizado o uso eficiente de técnicas de gestão social, indo muito além da elaboração de uma campanha social. Fazendo uma pequena analogia, campanhas massivas de comunicação representam apenas uma limpeza superficial em todas as “laranjas” (comportamentos) de uma grande caixa, porém não contribuem para a identificação e retirada das “laranjas podres” (comportamentos anti-sociais).      

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