Sempre me preocupou aquela velha frase do grande filósofo Sócrates que geralmente
ouvimos em conversas de botequim e de cientistas renomados: “Só sei que nada
sei!”. Embora soe bonito, sempre fiquei com um sentimento de contrariedade
perante a esta possível constatação. No entanto, descobri, com o passar dos
anos, que há uma diferença importante no significado desta frase dita pelos
beberrões em final de festa ou pelos grandes cientistas em seus momentos de
maior lucidez.
No caso dos beberrões, o significado
realmente está relacionado a este sentimento de impotência na busca pelo saber.
Ou seja, preguiça em estudar mesmo. É muito mais simples dizer que a natureza e
o mundo são realmente complexos e não há como saber realmente sobre nada. Sendo
assim, a rotina passiva pela busca do conhecimento se torna seu porto seguro.
No caso dos cientistas, o
significado não se relaciona ao sentimento de impotência, mas de curiosidade
constante na busca pelo saber e no rigor que se exige das conclusões geradas a
partir das diversas hipóteses sobre associações e causalidades. Todo o trabalho
científico parte de uma hipótese nula; ou seja, nada está associado a nada e
cabe à ciência provar o contrário ou constatar esta realidade. A ciência
realmente não sabe nada; porém, isto ocorre até que o conhecimento possa ser
gerado e aplicado para a melhoria da vida das pessoas. Não pode haver “chutes”,
mas métodos rígidos de comprovação.
Sendo assim, a ciência não possui o
conhecimento prévio das associações entre diversas variáveis. Porém, cada vez
mais, domina ferramentas para obter tal conhecimento. São estas ferramentas
estatísticas e analíticas que contribuem para atingir este nível de
conhecimento. Enquanto os beberrões se esbaldam em mais um gole de álcool a
cada sentimento de impotência gerado pela constatação da falta do saber, os
cientistas se esbaldam na utilização de mais uma ferramenta para testar suas
brilhantes hipóteses sobre nosso mundo. Os beberrões podem até gerar algum
benefício econômico na mesa do bar com a geração de alguns empregos imediatos.
Porém, são os cientistas que promovem as grandes revoluções comportamentais e
culturais de nossas sociedades.
A opção de dar significado prático à
famosa frase cabe a cada um de nós. No mercado social, podemos encontrar
diversos gestores que poderiam se identificar facilmente com os beberrões ou
cientistas. E você? Tá mais para beberrão ou cientista?
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