Muitos acreditam que o
gerenciamento de conflitos é uma matéria que não se deve aprender na escola,
mas sim no cotidiano ou no ceio familiar. No entanto, como se preparar para
possíveis perdas durante a vida como resultado de conflitos pessoais,
profissionais e financeiros? Será que o mundo ou a família está preparado(a)
para ensinar como um indivíduo deve proceder para a resolução de conflitos? Os
indicadores sociais que se relacionam de alguma forma com conflitos – por
exemplo, violência entre adolescentes ou violência doméstica, parecem indicar
que a maioria dos indivíduos não estão preparados para lidar com seus conflitos.
Aprendi em minhas
aulas sobre diplomacia durante a faculdade que as negociações entre duas nações
vão até onde não se impõe o uso de força para a resolução de conflitos. Quando
isso acontece, os negociadores ou a diplomacia simplesmente saem de cena,
deixando que o confronto de forças entre as partes diga quem tem o “poder” de
imposição. Isso acontece também na vida privada e social, fazendo com que a
aniquilação do adversário se torne o objetivo central de uma “missão”. O que
pareciam ser colegas ou afins em um determinado momento, tornam-se rivais e
inimigos mortais (amigo contra amigo, irmão contra irmão, marido contra esposa,
colega de trabalho contra colega de trabalho, organização social contra
organização social).
Os principais motivos
para a incapacidade de gerenciar conflitos estão relacionados à falta de
entendimento sobre o que seja gerenciamento de conflitos, de canais de
comunicação claros para este fim e de capacitação sobre como proceder no caso
do surgimento de um conflito específico. Em relação ao primeiro motivo,
geralmente muita ênfase se dá sobre um determinado problema social e não a sua
causa. Por exemplo, é muito mais fácil se mensurar e falar sobre a violência
familiar do que ressaltar suas causas (como a falta de habilidade para a
resolução de conflitos domésticos). Estudos sobre conflitos são necessários
para um entendimento mais amplo de suas raízes e as principais situações ou
comportamentos que podem gerar atritos entre indivíduos e organizações.
Talvez, esses estudos
poderiam servir como fonte importante para a geração de canais de comunicação
para a resolução de conflitos. Os canais de comunicação, atualmente, servem
mais como canais de informação; ou seja, não oferecem a possibilidade de
interação entre os indivíduos. Isto acontece também no ceio familiar. Será que
pais sabem qual seria o canal de comunicação eficiente de diálogo com seus
filhos? Será que apenas a informação sobre “como foi seu dia hoje” é suficiente
para o estabelecimento de um canal de comunicação eficiente que possa trabalhar
os conflitos familiares? Quais são esses canais? Como devem ser trabalhados?
Ainda há muito o que se avançar.
Finalmente,
fraternidade, amizade, amor, fidelidade e compreensão são palavras importantes
para a convivência humana, mas qual o entendimento que se tem sobre esses
conceitos? Será que apenas são lembrados como dogmas religiosos ou no
imaginário do que seria o ideal de felicidade, mas que nada representam quando
surge um determinado conflito na vida real? O trabalho de sistematização de
formas e técnicas para o gerenciamento de conflitos é fundamental para o
fortalecimento de laços interpessoais e institucionais de toda a sociedade.
Para todos esses
pontos levantados, as ferramentas de marketing social (pesquisa, planejamento e
definição de marketing mix) podem auxiliar para que o trabalho de gerenciamento
de conflitos não fique apenas em um plano abstrato de intervenção. Além disso,
com a utilização dessas ferramentas, tecnologias sociais para a resolução de
conflitos podem ser identificadas, tirando do anonimato profissionais e
organizações sociais que já entenderam há muito tempo atrás que este é um tema
fundamental para a sociedade brasileira. De fato, algumas empresas, como a
Caixa Seguradora, começam a compreender a importância e concretude desta causa
e estão buscando formas de trabalhar e investir nesta importante área social.
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